domingo, 27 de maio de 2012

Lembranças

Eu tentava esquecer.
Só não sabia por onde começar.
Pela parte boa talvez,guardar as coisas ruins e fingir que não houve um lado bom.
Mas houve.
A preocupação que ele tinha comigo,a mania de dar atenção as minhas lágrimas inúteis.Como esquecer?
As tardes de verão, quando o sol batia em seus olhos e ele tentava se esgueirar deitando a cabeça em meu colo e reclamando:
-Ei Pâm,podemos entrar agora?
E eu ria demais dos seus olhos querendo lacrimejar por causa da claridade.
Ele me abraçava apertado e em noites geladas tirava seu casaco e o enrolava em meu corpo enquanto tremia de frio tentando me aquecer.Me sentia,de alguma forma,segura em seus braços,presa em seus abraços,alimentada por suas belas e ignorantes manias e perdida em cada rosa vermelha que ele me dava.
Elas morreram junto com nosso relacionamento,mas cuidei delas até o último instante que aquilo me fez bem.
Me perguntava como esquecer.
O jeito que passava os dedos de leve em meus cabelos,o mal hábito que tínhamos juntos de não comandar bem na cozinha,tudo,tudo que se tornou um vício para minha alma que parecia estar desesperada pela sua volta.
Mas não teria volta.
Só teria o vazio das lembranças.
Cada lágrima que derramei pelo mal que ele me causou não foi o suficiente para me fazer deter aquelas memórias.
No fim das contas,nada mudava nada.
E eu não podia esconder de mim mesma.
Eu ainda o amava,com a estranha sensação de estar presa a ele,quando eu só queria que ele estivesse preso a mim.

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