terça-feira, 19 de junho de 2012

A carta - Ultima parte


Decidi me entregar as lembranças doces e esquecer as ruins.Eu sofreria no outro dia com elas,mas precisava alimentar minha alma com algo que eu sabia não ser bom,mas que era necessário.Eu te amo,sussurrei baixinho enquanto me levantava e apagava a luz para me encolher debaixo de duas cobertas.
Olhei para o celular e eram 4 horas da manhã,meus olhos estavam pesados mas eu pensaria nele resistindo ao sono.
Eu precisava pensar,e,aos poucos,me lembrava de nossos momentos que pareciam ser eternos.
Comecei a sussurrar bem baixo para a madrugada:
Sua pele era macia,bem clara e rosava suavemente quando ficava envergonhado..Era mais alto que eu e bem encorpado,com cabelos bem curtos lisos e olhos verdes bem claros.Admirava sua aparência sem metidez,mas com uma simplicidade que cativava qualquer mortal.Costumava olhar no fundo de meus olhos e entender minhas carencias,minhas mágoas.No começo do namoro me prometeu que mudaria o que tivesse de mudar para me fazer feliz.E mudou,mudou muito por mim.Pena que nada foi real.Quando eu tinha cólica ele me carregava em seu ombro até o hospital,dando de ombros para minha ignorância de querer ficar morrendo de dor em casa.Sua mãe me odiava por motivos que até hoje desconheço,me chamava de Menininha meiga sem graça e ele me defendia com unhas e garras,dizia que a verdadeira mãe era a avó dele,que sempre cuidou e fez seus gostos.Ele sorria quando eu brigava sem razão e chorava quando me dava motivos para romper tudo...
Meus olhos foram se entregando para o cair da noite e antes de adormecer pensei repetidamente:
-Sinto sua falta...Do seu lado bom...Sinto sua falta de quando você me fazia feliz..

Acordei com um nó na garganta incondicional e desprezível,aquelas lembranças haviam me destruído moralmente,já sabia que o arrependimento chegaria mas imaginava que ele ao menos esperasse eu tomar um banho e escovar os dentes.Me encolhi toda na cama com medo de ler aquele papel em cima da mesinha e minha situação ficar ainda pior.
Sempre tentava ser corajosa fingindo não temer a nada,sendo tremendamente hipócrita e maldosa comigo mesma,porém meu fingimento não era tão grande a ponto de pegar aquele papel na mão novamente.Tudo que escrevi para ele aprofundava minha alma no meu abismo oculto e não havia motivos para ler,simplesmente daria um jeito de fazer chegar em suas mãos sem que eu tivesse de encara-lo de novo.Não pretendia voltar correndo para ele por mais que quisesse,mas ele precisava saber que sua dívida com minha vida estava paga da pior maneira possível.Sentia que não havia perdoado ele pelo que aconteceu,mas alguma parte de mim insistia para que eu passasse por cima disso e assumisse meus sentimentos bons.
Bons não para mim,e no exato momento,não sabia mais se seriam bons para ele.
No dia em que tudo terminou minha noite foi terrível.Me tranquei no quarto e me acabei de chorar,como uma criança quando sonha em ter algo e seus pais não podem dar.Chorava pesadamente a ponto de causar dó em qualquer um que ouvisse meus suaves gritos de desespero que se escondiam no profundo de minhas lágrimas.Desliguei o celular pois se ele ligasse eu atenderia e o receberia de portas abertas para mais uma vez estragar meu sorriso sincero,ele ligou várias vezes e deixou recados imensos na caixa postal com uma voz de choro e arrependimento,mas ele não era mais o meu namorado,aquele que dizia me amar,algo nele havia mudado,mudando também meu conceito de com quem eu havia me envolvido há tanto tempo.
Sacudi a cabeça e me levantei da cama destrancando a porta.Olhei no celular e definitivamente precisava lavar meu rosto e tentar me recompor.A hora não para mesmo,reclamei baixinho e saí correndo para o lavatório do banheiro.
O relógio beirava meio-dia e eu sabia que havia extrapolado na noite passada indo dormir muito mais tarde do que era acostumada.Me sentia uma adolescente rebelde fazendo o que seus pais abominam,mas,sobretudo,havia sido bom desabafar.
As vezes conversar com alguém nem sempre ajuda,mas conversar consigo mesmo acalma os medos constantes.O cansaço por dormir tarde me livrou dos pesadelos com aquela garota de preto,ao menos mais uma noite em um sono pesado e tranquilo,fingindo que minha vida não era um mar revolto,não era só problema e coisas lamentáveis.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Ligação





O telefone de casa tocou me despertando do breve sono que se arrastava com o silêncio da casa.
Dei um pulo do sofá e olhei para o relógio.
-Onze e meia da noite já...
Levantei empurrando a coberta pro lado e segui para o telefone com as luzes apagadas.
-Alô? - Falei com a voz meio sonolenta e preguiçosa.
-Hun...Pâm?-Era uma voz de homem.
A única voz que era capaz de mexer com minha psicose alheia,que despertava meu pavor só de soar em meu ouvido.
Tremi com sua incerteza e seu tom choroso.
Era ele.
-Sim,eu sim...Oi...
E nós dois nos calamos.De repente não se ouvia mais nada.
Com um calafrio perturbador tentei não entregar minha alma se corroendo por sua falta.
-Eu não devia te ligar sei disso...-Ele falou tão baixo que grudei meus ouvidos ao telefone para entende-lo.
-É,não devia...
-Me desculpe por tudo que eu te fiz Pâm,me lembro de você e me pergunto porque tem que assim...
Fiquei tremula e em choque.Queria não sentir nada com suas palavras,mas meu coração  e minha cabeça trabalhavam juntos para que eu saísse correndo para seus braços.
-Sabe que te perdoei...
-Só me responda Pâm...-Ele mudou seu tom de choro e pronunciou cada palavra com um carinho tremendamente plausível.-Não se lembra mais de mim?Não sente minha falta?
Deixei escapar uma lágrima de meus olhos.
É claro que lembrava dele,ultimamente minha vida era isso,lembranças e lembranças de tempos que não voltariam mais.
-É claro que me lembro...
Engoli o nó da garganta e me fiz de corajosa.
-Eu penso em você Pâm,as vezes me bate tanta saudade que parece que vou morrer se você não voltar...
-Eu não voltarei,sabe disso...
-Pâm,eu prometo te fazer feliz...
Mas ele me fazia feliz só de respirar e existir,sua companhia não se encaixava mais em minha vida por mais que eu necessitasse dela.
-Toda vez que acordo é a mesma coisa.Medito sobre minha vida pouco desejavel,penso em meu martírio e derramo minhas lágrimas...Eu penso em você todos os dias depois de tudo que você me fez,penso como se nunca tivesse feito nada,penso como se não tivesse deixado a minha vida um mar bravo e feroz.
Alterei meu tom de voz e me acalmei quando seu amargo suspiro me fez querer engolir minhas palavras nem um pouco sutis.
-Sei o que te fiz,e é uma pena...
Ele consentiu e desligou o telefone.
Senti todo o meu sangue ferventar.
Não por raiva,mas por perceber o quanto era desprezível magoar alguém,não importava o que ele havia feito comigo,mas magoa-lo como ele me magoou foi simplesmente querer ser como ele.
E eu não era.
Larguei o telefone e desliguei a televisão pegando minha coberta e subindo as escadas com as lágrimas escorrendo e a dor gritando tenebrosa dentro de mim.

Introdução / Primeira parte


Eu era feliz,até onde sabia o que era felicidade.
Era junho e o inverno tomava conta da minha cidade pequena.
Nova Odessa era um lugar calmo,onde não se encontrava muitas pessoas fora de suas casas,e,com todo o vento gelado que insistia soprar raramente se via alguém caminhando pelas ruas.As poucas que saíam estavam sempre de carro com o aquecedor ligado e vidros fechados.
Eu tinha uma família que cuidava demais de mim,como se eu fosse uma criança totalmente dependente dos pais e da irmã mais velha.Tinha primos maravilhosos,que faziam tambem o papel de amigos,considerando o fato que eu não tinha muitos.
Uma garota com dezoito anos deveria escolher a dedo em quem confiar plenamente,e eu sempre fui assim.
Tinha somente uma irmã que já era casada e morava em outra cidade;quase todos os domingos do mês ela ficava na minha casa,mas a falta que ela causava era incondicional.Com seus vinte e cinco anos de idade ela vivia bem com seu marido e nem pensava em filhos.Ela estava realizada.
Minhas programaçoes de finais de semana convinham ficar em casa.
Não era como a maioria dos jovens da minha idade.
Eu era diferente.
Era calma e um bom livro me fazia bem.
As vezes,nos dias mais gelados,chuvosos e cinzentos deitava no sofá debaixo de um cobertor quente e procurava algo na televisão sem muito interesse,buscando apenas tirar cochilos e descansar da minha rotina semanal.
Costumava sorrir ao lembrar de meus sonhos doces.Sonhava com coisas boas.
Mas isso mudou com a decepção feroz que sofri com meu ex namorado há pouco tempo.
Os sonhos bons se foram.
Mas gostava de sonhar.E sonhava muito.
E com os sonhos me vieram pesadelos.Não qualquer pesadelo,como aquele que todo mundo tem de estar caindo em um  buraco sem fim e acordar ao desespero.
O verdadeiro pesadelo,aquele que aos poucos vai te amedrontando.
Eu precisava dormir.Precisava dormir e sonhar.Eu acordaria de qualquer forma,mas,ao acordar,era a realidade que eu temeria.


-Lembrei-me do quão forte a lua brilhava,da brisa que suavemente tocava minha pele.Abri os olhos com um certo arrepio daquele vento uivante,que balançava fortemente as árvores.Olhei ao meu redor..Não conseguia pensar em nada,mas minha mente se perdia em tudo...Olhei para o céu rapidamente e avistei uma bela lua que brilhava forte,mas que não espantava a escuridão incessante.Ela me lembrava algo...Me lembrava de meus assombros particulares,mas não me dava medo;me lembrava de sonhos doces,não de pesadelos perturbadores...
-A mente que pensa e os sentimentos que aos poucos se destroem.-Cantarolou a Miriam com tom de sarcasmo.-Você e sua sutil psicose.-Ria baixo enquanto saía do quarto com passos calmos.
-Ei Mi..-Levantei da cama e encarei a porta,esperando que ela voltasse e me desse atenção.
Em segundos ela encostou na porta e fazia uma trança em seus cabelos longos e negros.
-Ando tendo esse sonhos todos os dias .Sempre o mesmo sonho.
Lancei um olhar de medo em direção dela.
-Será que é porque eu estou triste,ou mal,ou angustiada,ou...
Ela me interrompeu.
-Se está tudo isso...Pare já!-Ela parecia me implorar por isso.-Ninguém merece suas lágrimas nem seu sofrimento...-Ela falava alto e rápido,como se quisesse abrir minha cabeça e plantar cada palavra de sua boca em minha mente.-Ele deve estar sorrindo enquanto você está se afundando...Ei Pâm,sonhos são só sonhos lembra?Foi voce mesma que me ensinou isso...
Abaixei minha cabeça e fiz que sim com ela.
-Prima..-Ela vinha em minha direção e abria um sorriso gentil.-Já faz uma semana hoje que vocês terminaram.
Pegou minhas mãos e deu um suave beijo em minha testa.
Olhou no fundo dos meus olhos,como se eles contassem um segredo.
-Está na hora de seguir sua vida.
Me arrepiei com suas palavras.
Ela me soltou e saiu do quarto encostando a porta.
Ouvi seus passos pelas escadas.
Senti seu silencio doce e vazio.
Deitei novamente em minha cama para pensar um pouco sobre coisas que eu andava fugindo.
Fazia uma semana que eu havia terminado com ele,depois de dois anos ao seu lado.Eu sabia que existia muito dele dentro de mim,mas não aceitava aquilo.
Não contei para ninguém meu motivo.Dei desculpas ridículas para todos da minha família,que sempre apoiaram nosso namoro e achavam conhece-lo bem,mas,nem eu mesma conhecia.Terminei sem olhar para trás,e carreguei comigo a parte boa que encontrei nele para nunca me lembrar de seu lado frio e calculista.
Aqueles sonhos não me incomodavam,mas me causavam saudades dos alegres que eu costumava ter.Sempre o mesmo sonho,no mesmo lugar,estava começando a mexer com meus pensamentos.
-Vai ficar aí para sempre tendo surtos?Quer conversar?
Minha prima me fez voltar ao presente batendo fortemente na porta.
-Acalme-se estou bem...-Sussurrei levantando da cama.-Já vou.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Feliz dia dos namorados caros leitores,

Amar é algo suave como pétulas de uma rosa com espinhos tomando conta  do jardim florido e cheio de vida.
É algo inexplicável como o por do sol e o crepúsculo da tarde se formando ao longe.
O amor talvez tenha perdido a essencia para muitos,mas,para os verdadeiros humanos ele ainda é um sentimento puro,talvez,o único sentimento puro que exista.
Então leitores,tentem sentir de verdade o que é o amor e tentem entender que ele,diferente do que dizem,verdadeiramente não caminha com o ódio.
Nada é para sempre,mas isso não nos impede de tentar.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Pesadelos/Diálogo/Pensamentos

(...)
E então adormeci.Adormeci e sonhei.

Eu estava novamente naquela floresta,no mesmo lugar da última vez que havia sonhado.
Tentava segurar meu cabelo que se entrelaçava com o vento e a névoa forte.O céu estava acinzentado,tampando a luz da lua.
A escuridão era tenebrosa,tomando conta de tudo que estava ao meu redor.Havia algumas folhas secas no chão e do céu caíam gotas pequenas e extremamente geladas.Caminhei em frente sem saber onde parar ou se deveria parar.
O medo não havia despertado,até que eu a encontrei sentada no chão com uma guarda-chuva preta aberta novamente de costas.Estava com um vestido vinho tomara que caia que não se encontrava o fim.Seus cabelos tampavam sua pele e caíam por seus ombros.Ela assoviou baixo e se silenciou de repente.
-Existe algo que eu queria te perguntar...Mas acabei acordando na segunda e não terminamos nossa...-Ela me interrompeu.
-Está preocupada,mas não queria ter assustado você.-Ela se levantou e fechou o guarda-chuva,deixando que os pingos manchassem levemente seu vestido.-Venha,deixa eu te mostrar algo.
Ela começou a andar rápido e eu corria para não perde-la de vista.
Parou em frente a um portão alto interminável.Os pingos ficaram mais fortes e o vento uivava alto e bagunçava seus cabelos.
Parei um pouco atrás dela temendo aquele lugar.
O portão estava com uma fresta aberta e parecia nos convidar a entrar.
-Está com medo?-Ela sussurou de cabeça baixa.
-Talvez...-Eu respendi num tom nervoso.
-Não precisa ter.
Ouvi sua voz bem ao meu lado e senti seu suave sopro quente em meu ouvido.Não entendia como,mas ela,que segundos atrás estava na minha frente sem que eu notasse estava parada do meu lado direito me causando um temor repulsivo.Minhas mãos tremiam e a sensação era angustiante,assustadora.Queria fugir dali ou acordar,mas sentia meus pés presos ao chão.
-Acalme-se...Aqui é um cemitério.
Não conseguia olhar seu rosto,meu corpo estava imóvel.
-Mas ninguém precisa ter medo de cemitérios...
Ela segurou minha mão.
-Entenda que quando alguém morre somente o seu corpo permanece enterrado aqui.A sua alma caminha para o lugar que deve ir.
Sua calma me fazia confiar em suas palavras.O medo aos poucos sumia e a curiosidade tomava conta de meu cérebro.
-Quando uma pessoa que amamos é levada pela morte,ela permanece viva dentro de nós...Você estará viva em um amor que nem a morte será capaz de levar.
-Mas não quero que ninguém morra...Não posso perder ninguém,por favor...-Eu implorava como se tudo dependesse dela,e indado momento eu não sabia mais em que acreditar.
Ela foi embora,me deixando ali sozinha aos prantos.Abri os olhos e percebi que a Mi dormia em meus braços.A abracei forte e comecei a chorar,desejando morrer no lugar das pessoas que eu amava.Tentando conter meu medo,adormeci presa aquele braço.

O sol entrava pela janela,avisando que o sábado ao menos seria ensolarado.Minha prima me acordou enquanto penteava os cabelos com uma mão e fazia cócegas em meus pés com a outra.Ela sabia que eu tinha pavor a cócegas,mas isso nunca a impediu de me enlouquecer com esse seu costume estressante.
-Você me assustou de madrugada sabia?-Ela me encarava deixando meus pés em paz.-Sempre fala sozinha?
Largou o pente em cima do que ela batizava de mesinha das anotações e se deitou do meu lado para me encarar.
-Você disse em alto e bom som:Não quero que ninguém morra,e então se calou,parecia estar em um sono profundo sei lá...Verdadeiramente me assustou prima...
Ela passou seus braços em minha cintura e não disse mais palavra alguma.
-Ando tendo aqueles sonhos...estranhos.Acho que...Pesadelos tá bom...-Consenti para seu olhar de indignação e reprovação.-Mas não se preocupe,não vão me machucar...Sempre consigo acordar certo?-Apertei seu queixo e dei uma risada meio sem jeito.
A casa estava silenciosa e calma.Levantei da cama e fui conferir o quarto dos meus pais.Todo sábado meu pai trabalhava normalmente,mas,minha mãe,mesmo estando de férias não estava em casa.Peguei o pente da mesinha e desci as escadas desembaraçando os cabelos e pondo um casaco enquanto a Mi arrumava meu quarto.
Na geladeira havia um recado:

Pâm,fui ao supermercado comprar batatas para fritar no almoço como sua prima gosta.Não demoro.
Beijos,
Mãe.

Olhei no relógio.O ponteiro afirmava exatamente dez da manhã e claramente minha mãe havia acabado de ir,deixando a caneta e um caderno em cima da mesa.
-Relaxada...-Cantarolei baixinho enquanto guardava as coisas no ármario e pegava chícaras,leite e um pacote de bolacha para tomarmos o café da manhã.
Minha mãe raramente ia ao mercado muito cedo,dizia que pelo menos em suas férias merecia dormir até um pouco mais tarde.
Eu teria um tempo com minha prima.Teria um tempo para contar a ela sobre o meu verdadeiro motivo de ter terminado aquele namoro.Me veio a cabeça a gótica do sonho,que havia me falado que eu deveria contar ao menos para a Miriam,e,no final das contas,por pior que fosse eu nunca havia escondido nada dela.As palavras daquela gótica soavam em minha cabeça pesadamente.O desejo de ver seu rosto estava me consumindo e deixando em destroços alguma coisa dentro de mim,mas não desejava voltar a encontra-la,se possível,nunca mais.
Eu contaria para minha família em uma forma unânime,mas para a Mi seria em um momento somente nosso.Nós duas e o vazio da casa.
-Ei Mi,vai demorar muito aí em cima?-Gritei aos pés da escada.-Venha tomar café comigo?
-Calma.Só estava arrumando a cama e escovando os dentes...Algo que aliás você ainda não fez.
Ela desceu as escadas com uma risada envolvente e confortável,algo típico da minha prima.
Enchi minha chícara de café puro enquanto ela se servia de leite com achocolatado.Não gostava de café.Abriu o pacote da bolacha recheada de chocolate e sentou folgadamente na cadeira bem a minha frente.
Eu pensava no que falar e bebericava o café quente.
-Pois bem...Eu sabia que ele não me amava mais...
Abaixei a cabeça evitando seu olhar assustado.
-Quer mesmo...-Ela hesitou.-Falar disso?A gente não precisa...
Eu precisava com certeza falar sobre aquilo.Tentar esconder já estava me enlouquecendo,talvez contar para alguém aliviaria meu desespero inútil e impreciso.
-Você não precisa falar se não quiser...-Ela insistiu.
Largou o copo de leite na mesa e comeu uma bolacha.
-Olha pra mim...Se você quer falar,eu vou te ouvir.
Levantei a cabeça e percebi o brilho em seus olhos.
-Acho que eu já até deveria ter falado disso...-Dei mais um gole no café e continuei com a chícara nas mãos.-Então,como eu dizia...-Procurava as palavras para tocar naquele assunto.-Nosso relacionamento estava uma decadência...-Deixei escapar um sorriso de canto.-Seu cíumes era compulsivo,doentio...Eu dei a ele a oportunidade de destruir da minha vida e assim ele fez...
Tomei o resto do café que esfriava na chícara e a coloquei na mesa abaixando minha cabeça e cruzando minhas pernas na cadeira.
-Você estava sofrendo com ele,eu sabia disso,mas nunca fiz nada para impedir,sou uma idiota mesmo!
Ela parecia inconformada consigo mesma,como se fosse a culpada dos meus problemas impossíveis de se evitar.
-Mas ninguém podia fazer nada...Quando se ama Mi...A gente não pensa,não reage.Nem sei de onde ranquei forças para terminar com ele,nem sei como estou viva sem ele perto de mim...
Deixei escapar uma lágrima e rapidamente tentei me recompor.Não iria chorar na frente dela,não gostava de preocupa-la com coisas banais.
Ela tomou o leite,colocou o copo vazio na mesa e largou o pacote de bolachas.
-Eu deveria ter feito algo sei lá...Mas enfim,qual foi o motivo que te deu tantas forças para se...afastar ?
-Bem,foi numa crise de cíumes...Não conte para ninguém certo?
Ela fez que sim com a cabeça e eu verdadeiramente sabia que podia confiar plenamente nela.
-Foi numa crise de cíumes que as coisas pioraram entre nós dois...Me lembro que meu celular tocou na minha bolsa e ele atendeu.Era um antigo amigo...Naquele dia eu estava gripada e ele só queria saber se eu tinha melhorado...-Suspirei alto com aquelas lembranças.-Me passou o telefone e ficou fuçando nas minhas coisas de um jeito estranho sabe...-Levantei a cabeça e olhei em seus olhos que aos poucos pareciam encher de lágrimas.-Estávamos no quarto dele.A casa dele era grande,e os quartos ficavam em um corredor extenso.O quarto da vó dele era o último do corredor e ficava bem a frente de nós.Ainda sinto o jeito dela de se preocupar comigo...Enfim,falei rapidamente com meu amigo e desliguei,procurando não arranjar nenhuma encrenca mais tarde,mas eu já havia arranjado.Ele pegou um brilho labial da minha bolsa,um presente da minha mãe sabe...Eu senti tanto medo dele,tanto medo daquele olhar de desprezo,mas não fui capaz de fazer nada para conte-lo quando ele...
Minha prima levantou e me deu um copo de água com açucar.
Minhas lágrimas insistiram em cair e eu não as detive.
-Chega,não fale mais sobre isso!-Ela me puxou da cadeira e me abraçou forte.-Não posso te ver assim,não faça isso comigo...Eu não quero saber o que ele te fez ou deixou de fazer...
-Mas eu preciso dizer,preciso contar,tenho que contar...
-Quando estiver realmente preparada,sei que me contará...Mas por hoje,chega!
Ouvi minha mãe destrancando a porta e me esgueirei subitamente daquele abraço,não podia deixar minha mãe me ver chorar de novo,não queria deixa-la mais preocupada com minhas crises tolas.
Em nossa casa havia somente uma entrada que ficava na cozinha bem perto da mesa com as cadeiras.
Esfreguei a manga da blusa no rosto e tentei me recompor,dando um sorriso projetado em direção a porta para não demonstrar a tristeza.
-Oi mãe,trouxe as batatas?
Ela me encarou.
Deu de ombros para minha pergunta inocente e deixou as sacolas em cima da mesa encostando a porta com a ponta dos pés.
Eu sabia que ela estava extremamente chatiada por me ver sofrer com circunstancias que ela desconhecia e segurar as perguntas parecia ser uma tentativa fracassada para ela.Mesmo sabendo que suas perguntas poderiam abrir um buraco imenso em meu peito ela não fugiria mais do seu papel de mãe que consistia em ter uma filha psicopata e esquisita.
-Bom dia meninas...Agora sentem para tomar café comigo.
Ela tirou as sacolas da mesa e as colocou em cima do balcão,pegou uma chícara no ármario e se sentou na cadeira sem tirar os olhos de nós.
Eu e minha prima trocamos olhares repentinos sabendo que não poderíamos escapar daquele olhar de ordenação que minha mãe nos atirava.Não a julgaria por querer saber de meu estado depressivo,mas conversar com ela sobre algo que a deixaria ainda mais preocupada não me parecia uma boa ideia.
Antes do meu ex namorado os diálogos eram excessivos com minha mãe,não escondia nada dela.Com meu pai sempre fui mais quieta,existem certas coisas que não compartilhamos com pais e esse era o caso.Ainda assim sempre tivemos um bom convívio,debatíamos e até trocávamos opiniões sobre a vida alheia,mas,sobretudo,com minha mãe costumava ser mais íntima e amiga,coisas de menina mesmo.
Quando comecei a namorar minha mãe foi a primeira a saber e me apoiou em tudo,me ajudando inclusivamente a apresenta-lo ao resto da família,que,aliás,se encantaram com ele a primeira vista,avisando-o para tomar cuidado comigo e rindo alto pelos cantos.Minha família adorável , eu comentava quando me davam alguma chance de me defender.Eram momentos fantásticos,todos nós reunidos na sala dando gargalhadas de doer a barriga com as videocassetadas que passavam aos domingos.Todos abriram as portas para ele e lhe entregaram a minha vida confiando que ele cuidaria como se fosse a dele e ninguém esperava por nenhuma decepção vindo de sua parte,se perderam em seus encantos sem ao menos perceber que,por trás daquele brilho cativante que carregava havia algo que algum dia acabaria com meus sonhos e planos de construir uma vida que fosse nossa,uma vida que ambos cuidaríamos,sendo então um só.
Desconfiavam que havia acontecido algo terrível entre nós dois,e,por mais que eu negasse,estavam certos.Empurramos nosso relacionamento até um precipício e seguramos em sua mão para nos jogarmos de lá juntos,sabendo que por mais que tudo estivesse dando errado,nosso sentimento ainda era forte,mas já não era o mesmo.Deus,ele me amou,porque não ama mais? era uma breve pergunta que não saía de minha cabeça.Quando nos jogamos do precípicio morremos juntos com aquele sentimento voraz,o suícidio era vazio e repulsivo mas assistimos nossa alma morrendo com tudo que havíamos sonhado e assim deixamos que fosse,sem lápide e sem importancia.
-Mas mãe...Já tomamos o café e eu nem escovei os dentes ainda,sem  contar que vou ao parque com a Mi e...
Ela me interrompeu.
-Parque ok,entendi,você vai fazer o que quiser assim que me disser o que está acontecendo!
Descansou sua chícara sem dar nem um gole no café e respirou fundo.Sentei ao seu lado e a Miriam a sua frente fazendo uma trança embutida nos cabelos.
-E exatamente o que você quer saber?-Falei como uma filha rebelde,e ela sabia que eu não era.Todo o stress mais soou como nervosismo de ter que encara-la.
-Você nem fala mais comigo...Pâm,se você não quer falar sobre...Bom,você sabe,mas se terminou com ele e não pretende voltar,dá pra aparecer viva?Porque sua vida parou.
-Ei mãe,eu estou bem aqui,tomando café e tendo conversas bobas com minha prima,eu estou viva e estou me comportando como tal...
-Tudo tão...falso.
Ela me olhou de cima a baixo com repulsa,e,aquele olhar me fez tremer.Eu realmente fracassava quando tentava esconder algo.
Abaixei a cabeça fugindo de seus olhos que continham a pura verdade,mas,no momento que eu estava,a mentira me parecia mais suave e menos dura.
-Olha pra mim Pâmela...
Ela ergueu minha cabeça a força e pegou nas minhas mãos.
-Sou sua mãe volto a repetir...Viva ou volte com ele se isso te faz tanta falta.
As palavras alimentaram as ideias que eu guardava como refúgio em último caso,mas elas só saíram de sua boca porque sua cabeça não fazia ideia dos meus motivos para estar longe dele.
-Desculpa mãe,acho que não quero falar dele sabe,mas logo as coisas vão melhorar,em outras palavras,eu vou melhorar...Estou respeitando minha dor,hoje faz duas semanas e você bem sabe disso...
-Tudo bem,mas viva ta bom ? Viva!
Levantei e subi indo direto para o banheiro escovar os dentes e tomar um banho fervente.A cidade estava sob névoa e garoava fininho,aquele banho me faria acordar e ao menos esquecer daquelas palavras que minha mãe citou com tanta certeza de estar correta que tudo não passava de uma mera bobagem.Eu queria que ela soubesse o tamanho de seu erro,queria mas não falaria para não aumentar ainda mais aquela situação desgastante,situação essa que eu mesma havia causado com meus surtos de tristeza e silêncio.
Me enrolei na toalha enquanto olhava sem muito interesse a fumaça do chuveiro invadir lentamente todo o banheiro,deixando o ambiente aquecido.Sentei no azulejo e soltei meus cabelos,deixando que eles tocassem minhas costas e se esgueirassem para meu rosto causando uma suave cócega.
-Posha,minha mãe vai enlouquecer se eu não melhorar.Pensei e tentei me auto corrigir,implorando para que pelo menos o sorriso virasse rotina em minha boca.
Fui para debaixo do chuveiro e deixei que a água caísse em minhas costas.
Eu precisava mudar tudo,talvez indado momento fosse difícil consertar meu ego,mas um pouco de falsidade ajudaria o lado visível,aquele que minha mãe começava a ficar obcecada em observar todos os dias.Sua preocupação era tão grande que eu sentia seus olhos me perseguindo pela casa,cada passo que eu dava ela fazia questão de saber.Toda essa situação era culpa da minha psicose hostil e insensata.
(...)

domingo, 10 de junho de 2012

Seja meu





Estava vagando pelo meu antigo blog e encontrei o primeiro poema que escrevi...

Seja meu ódio,
Seja minha tortura,
Seja meu inconveniente mas seja meu

Permita-me desfrutar da sua alma
com uma taça de vinho entre as mãos,
permita-me te enlouquecer
até o amanhã chegar

Deixe-me ser um arquivo chato
que atormenta sua mente,
Deixe que eu faça parte
dos seus piores pesadelos

Mas não tenha medo amor,
não se assuste eu peço,
pois tudo o que eu quero
é passar a eternidade ao seu lado

Por Pâmela Daiane Molina Sobrinho.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

A Carta . (Primeira parte)


Desci para a cozinha na ponta dos pés com todo o meu esforço para não acordar meus pais.
O relógio deixava claro que já era hora de eu estar na cama,mas não conseguiria dormir com tantas coisas atormentando minha mente,e,de qualquer forma,estava tentando fugir daquela garota do sonho,mais especificadamente dos pesadelos.
Não acendi as luzes da casa,preferi pegar rapidamente um copo de água gelado,uma cadeira e voltar para minha mesinha de anotações.Tentaria expor minhas ruínas no papel e descansar minha alma que se sacolejava dentro de mim,talvez ajudasse a dor a adormecer por alguns instantes,talvez me salvasse de meu próprio tormento compulsivo.
Coloquei o copo na mesa e a cadeira a sua frente.Encostei a porta do quarto e passei a chave,não queria correr o risco de meus pais pirarem com a filha parecendo um zumbi na madrugada gelada e quieta.Com uma folha em cima da mesa e um lápis com a ponta grossa tentava meditar nas palavras que não me amargurariam depois.
Oi...
Espero que esteja bem,espero mesmo...

Risquei rapidamente essa parte,era obvio que ele estava bem.Ele sempre foi forte e corajoso,sabia se recuperar de qualquer coisa,e além do mais só haviam passado duas semanas,o que haveria de acontecer em tão pouco tempo? –Ele arranjar outra pessoa.Minha mente me apavorou com essa ideia.Espantei os pensamentos e voltei para a carta.
Acho que não sei o que dizer...
As vezes tenho a impressão que vou abandonar tudo e sair correndo para seus braços,sem nem ao menos saber se você ainda está envolvido nesse sentimento como eu estou...
Mas bem...Quando a consciência volta vejo que não posso ir contra tudo o que devo lembrar de você...Sentimento ridículo o meu...
Estou cheia de problemas com minha psicose que não me permite seguir em frente,e essa é a parte difícil,sei lá,sozinha vagando em pensamentos confusos e cheios de perguntas...

Tomei um gole dágua e respirei fundo.Sentia minha cabeça se acalmando em cada palavra que eu cuspia pro papel.Aquela havia sido uma ideia boa pelo menos para mim.
Para ele talvez só seria mais uma esquisitice da minha parte.
Não sei o que você quer ouvir de mim,só sei que tenho muito a te dizer e me faltam palavras para isso...
Poderia simplesmente falar que ainda amo você mas nada é tão simples assim.
Dei desculpas esfarrapadas para minha família por causa do nosso...término.Não contei o que verdadeiramente houve para nenhum deles,embora acho que isso já não importa pra você...
Mas acho que história mal contada é pior que mentira.

Sorri baixo com a dedução obvia.
Ele me conhecia,sabia entender minhas palavras até quando havia muitas outras por trás delas.Dizia que algum dia eu seria escritora e famosa,bem como ele que também amava escrever.Sempre foi lisongiante lhe dar cartas,que ele guardava em uma gaveta separada de todas as suas outras coisas.
Sempre que completávamos mais meses de namoro eu lhe dava uma carta,mesmo que fosse boba e estranha ele guardava como se importasse demais.
E eu gostava disso.
Sacudi a cabeça evitando as doces lembranças.
Hun...
É mesmo pior que mentira.
Você me conhece tão bem,sei que vai entender cada sílaba desse papel que talvez acabe sendo amassado depois de  lido e rejeitado,então,espero que não se importe com meu romantismo  que já esta meio gasto...

(Hun,só acho que amor não machuca ninguém...)

terça-feira, 5 de junho de 2012

A Carta. (Segunda parte)


Hun...Só acho que amor não machuca ninguém,diferente do que dizem..Quem ama não magoa,não mente,não esconde...Por simplesmente não ter o que esconder,não ter o que mentir... Só eu sei o que você causou dentro de mim...Me destruiu,me desmoronou e me deixou em destroços,mas isso não foi culpa do meu amor...Foi culpa do seu.Que não soube amar,que não deu valor...
Dar valor vai além da frase : eu te amo.
Dar valor significa cuidar,ajudar,abrir mão de sua própria vida e cuidar da vida de quem se ama. (Eu abri da mão da minha pela sua).
O amor é irreverente eu sei,acho que é como uma rocha...
O amor é para poucos,o amor nos escolhe...
O amor não precisa de dinheiro ou de migalhas,o amor só precisa de um belo jardim para ser cultivado;O jardim da alma,o jardim do coração,o jardim das memórias.
O amor,diferente do que dizem,não caminha com o ódio,
O que é o ódio perto do amor ?
Como alguém pode odiar aquilo que um dia disse que amava?
Ele vai mesmo além da frase Eu te amo.Ele vive em nossos corações esperando uma oportunidade de pararmos de reclamar para poder nos fazer feliz.

Respeirei fundo e percebi o quanto aquele desabafo me causava bem,uma paz que há tempos eu não sentia.Não queria agredi-lo com ofensas ou lições de moral,ele tinha a mesma idade que eu e não precisava disso.Mas havia muitos signficados por trás de tudo aquilo que eu havia escrito.E ele saberia traduzir cada um deles.
Não teria coragem de entregar aquela carta,eu desfoquei toda a conversa.
Abaixei a cabeça e larguei o lápis em cima do papel,bebi o resto da água do copo e escorei minha cabeça sobre a mesa,deixando que meu cabelo escorregasse sob meu rosto.O sono fechava meus olhos aos poucos mas minha mente queria pensar,queria escrever para se acalmar,então joguei meus cabelos para trás e coloquei novamente o lápis entre os dedos.

E por isso acredite...Eu não odeio você nem nunca seria capaz de odiar...
Queria que você aparecesse...
Queria seu ombro pra chorar e sua cama para deitar confortada em seu abraço,provar de novo o quanto é bom sua companhia agradável...
Você sumiu depois de meus insistentes pedidos...
Tomare que apareça logo...

Rabisquei essa parte por não ter certeza de minhas palavras.
Sentia que ele não voltaria e que eu estava perdida em seus encantos,me deixando esquecer de seus assombros cruéis,talvez brincar de ser feliz mudaria o fato de que nada mais seria como antigamente.
Imaginava então minha vida acenando de longe,carregando consigo os problemas e a realidade que me amedrontava.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Amor,desejos e masoquismos

Perdão Caros Leitores,em meus tempos vagos estou trabalhando no livro,logo vou postar mais partes dele.
Vou deixar hoje aqui um poema muito antigo que fiz,espero que gostem.
Obrigada.


Amor,desejos e masoquismos

O medo de perder-te para a morte ou até mesmo para a vida
me arrasta para assombros constantes,
Minha alma grita em agonias quando tu,
Oh anjo meu
de mim se afasta

Ah,esse amor dentro de mim
permanece como uma rocha,
nada amedronta
nada abala,
Rocha inabalavel sou  neste sentimento profundo e irreverente
Constantemente carente

Me abrace e invada meus poucos sonhos
faça-me tua serva
Deseje-me!
Mas não me abandones
Oh anjo doce e adorável
Sem ti não há folego para minha alma
Necessito de teus carinhos,
Tuas maldades,
Tuas meras palavras amargas e vorazes
neste teu jeito desejavel de ser

Te imploro para que não me deixes
pois a escolha já por mim foi feita
Pertenço a ti!
Sou tua meu anjo amado,
e que nada mais por nós seja falado
As taças de vinho estão cheias e a noite permanece cinzenta e gelada,
desfrutar iremos destas dádivas,
Depois de nossos atos inconvenientes e nossos profundos cortes
nos embriagaremos de amor,desejos e masoquismos.