Decidi me entregar as
lembranças doces e esquecer as ruins.Eu sofreria no outro dia com elas,mas
precisava alimentar minha alma com algo que eu sabia não ser bom,mas que era
necessário.Eu te amo,sussurrei baixinho enquanto me levantava e apagava
a luz para me encolher debaixo de duas cobertas.
Olhei para o celular
e eram 4 horas da manhã,meus olhos estavam pesados mas eu pensaria nele
resistindo ao sono.
Eu precisava
pensar,e,aos poucos,me lembrava de nossos momentos que pareciam ser eternos.
Comecei a sussurrar
bem baixo para a madrugada:
Sua pele era
macia,bem clara e rosava suavemente quando ficava envergonhado..Era mais alto
que eu e bem encorpado,com cabelos bem curtos lisos e olhos verdes bem
claros.Admirava sua aparência sem metidez,mas com uma simplicidade que cativava
qualquer mortal.Costumava olhar no fundo de meus olhos e entender minhas
carencias,minhas mágoas.No começo do namoro me prometeu que mudaria o que
tivesse de mudar para me fazer feliz.E mudou,mudou muito por mim.Pena que nada
foi real.Quando eu tinha cólica ele me carregava em seu ombro até o
hospital,dando de ombros para minha ignorância de querer ficar morrendo de dor
em casa.Sua mãe me odiava por motivos que até hoje desconheço,me chamava de Menininha
meiga sem graça e ele me defendia com unhas e garras,dizia que a verdadeira
mãe era a avó dele,que sempre cuidou e fez seus gostos.Ele sorria quando eu
brigava sem razão e chorava quando me dava motivos para romper tudo...
Meus olhos foram se
entregando para o cair da noite e antes de adormecer pensei repetidamente:
-Sinto sua falta...Do
seu lado bom...Sinto sua falta de quando você me fazia feliz..
Acordei com um nó na garganta incondicional e desprezível,aquelas
lembranças haviam me destruído moralmente,já sabia que o arrependimento
chegaria mas imaginava que ele ao menos esperasse eu tomar um banho e escovar
os dentes.Me encolhi toda na cama com medo de ler aquele papel em cima da
mesinha e minha situação ficar ainda pior.
Sempre tentava ser corajosa fingindo não temer a nada,sendo
tremendamente hipócrita e maldosa comigo mesma,porém meu fingimento não era tão
grande a ponto de pegar aquele papel na mão novamente.Tudo que escrevi para ele
aprofundava minha alma no meu abismo oculto e não havia motivos para
ler,simplesmente daria um jeito de fazer chegar em suas mãos sem que eu tivesse
de encara-lo de novo.Não pretendia voltar correndo para ele por mais que
quisesse,mas ele precisava saber que sua dívida com minha vida estava paga da
pior maneira possível.Sentia que não havia perdoado ele pelo que aconteceu,mas
alguma parte de mim insistia para que eu passasse por cima disso e assumisse
meus sentimentos bons.
Bons não para mim,e no exato momento,não sabia mais se seriam bons para
ele.
No dia em que tudo terminou minha noite foi terrível.Me tranquei no quarto e me acabei de chorar,como uma criança quando sonha em ter algo e seus
pais não podem dar.Chorava pesadamente a ponto de causar dó em qualquer um que
ouvisse meus suaves gritos de desespero que se escondiam no profundo de minhas
lágrimas.Desliguei o celular pois se ele ligasse eu atenderia e o receberia de
portas abertas para mais uma vez estragar meu sorriso sincero,ele ligou várias
vezes e deixou recados imensos na caixa postal com uma voz de choro e
arrependimento,mas ele não era mais o meu namorado,aquele que dizia me
amar,algo nele havia mudado,mudando também meu conceito de com quem eu havia me
envolvido há tanto tempo.
Sacudi a cabeça e me levantei da cama destrancando a porta.Olhei no
celular e definitivamente precisava lavar meu rosto e tentar me recompor.A
hora não para mesmo,reclamei baixinho e saí correndo para o lavatório do
banheiro.
O relógio beirava meio-dia e eu sabia que havia extrapolado na noite passada indo dormir muito mais tarde do que era acostumada.Me sentia uma adolescente rebelde fazendo o que seus pais abominam,mas,sobretudo,havia sido bom desabafar.
As vezes conversar com alguém nem sempre ajuda,mas conversar consigo mesmo acalma os medos constantes.O cansaço por dormir tarde me livrou dos pesadelos com aquela garota de preto,ao menos mais uma noite em um sono pesado e tranquilo,fingindo que minha vida não era um mar revolto,não era só problema e coisas lamentáveis.
O relógio beirava meio-dia e eu sabia que havia extrapolado na noite passada indo dormir muito mais tarde do que era acostumada.Me sentia uma adolescente rebelde fazendo o que seus pais abominam,mas,sobretudo,havia sido bom desabafar.
As vezes conversar com alguém nem sempre ajuda,mas conversar consigo mesmo acalma os medos constantes.O cansaço por dormir tarde me livrou dos pesadelos com aquela garota de preto,ao menos mais uma noite em um sono pesado e tranquilo,fingindo que minha vida não era um mar revolto,não era só problema e coisas lamentáveis.
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