segunda-feira, 18 de junho de 2012
Ligação
O telefone de casa tocou me despertando do breve sono que se arrastava com o silêncio da casa.
Dei um pulo do sofá e olhei para o relógio.
-Onze e meia da noite já...
Levantei empurrando a coberta pro lado e segui para o telefone com as luzes apagadas.
-Alô? - Falei com a voz meio sonolenta e preguiçosa.
-Hun...Pâm?-Era uma voz de homem.
A única voz que era capaz de mexer com minha psicose alheia,que despertava meu pavor só de soar em meu ouvido.
Tremi com sua incerteza e seu tom choroso.
Era ele.
-Sim,eu sim...Oi...
E nós dois nos calamos.De repente não se ouvia mais nada.
Com um calafrio perturbador tentei não entregar minha alma se corroendo por sua falta.
-Eu não devia te ligar sei disso...-Ele falou tão baixo que grudei meus ouvidos ao telefone para entende-lo.
-É,não devia...
-Me desculpe por tudo que eu te fiz Pâm,me lembro de você e me pergunto porque tem que assim...
Fiquei tremula e em choque.Queria não sentir nada com suas palavras,mas meu coração e minha cabeça trabalhavam juntos para que eu saísse correndo para seus braços.
-Sabe que te perdoei...
-Só me responda Pâm...-Ele mudou seu tom de choro e pronunciou cada palavra com um carinho tremendamente plausível.-Não se lembra mais de mim?Não sente minha falta?
Deixei escapar uma lágrima de meus olhos.
É claro que lembrava dele,ultimamente minha vida era isso,lembranças e lembranças de tempos que não voltariam mais.
-É claro que me lembro...
Engoli o nó da garganta e me fiz de corajosa.
-Eu penso em você Pâm,as vezes me bate tanta saudade que parece que vou morrer se você não voltar...
-Eu não voltarei,sabe disso...
-Pâm,eu prometo te fazer feliz...
Mas ele me fazia feliz só de respirar e existir,sua companhia não se encaixava mais em minha vida por mais que eu necessitasse dela.
-Toda vez que acordo é a mesma coisa.Medito sobre minha vida pouco desejavel,penso em meu martírio e derramo minhas lágrimas...Eu penso em você todos os dias depois de tudo que você me fez,penso como se nunca tivesse feito nada,penso como se não tivesse deixado a minha vida um mar bravo e feroz.
Alterei meu tom de voz e me acalmei quando seu amargo suspiro me fez querer engolir minhas palavras nem um pouco sutis.
-Sei o que te fiz,e é uma pena...
Ele consentiu e desligou o telefone.
Senti todo o meu sangue ferventar.
Não por raiva,mas por perceber o quanto era desprezível magoar alguém,não importava o que ele havia feito comigo,mas magoa-lo como ele me magoou foi simplesmente querer ser como ele.
E eu não era.
Larguei o telefone e desliguei a televisão pegando minha coberta e subindo as escadas com as lágrimas escorrendo e a dor gritando tenebrosa dentro de mim.
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